Feng Shui: a arte da organização
Ao entrar em um ambiente, é possível sentir instantaneamente uma sensação de calma, leveza e aconchego, ou ao contrário, se sentir desconfortável, mesmo sem saber exatamente por quê. O Feng Shui, uma prática milenar chinesa, pode ajudar a entender como a disposição dos objetos, o uso das cores e a organização dos espaços influenciam diretamente no bem-estar.
A relação entre o ser humano e o espaço tem sido estudada e interpretada ao longo da história por diversas culturas. Entre esses, o Feng Shui ocupa posição de destaque ao propor uma abordagem que ultrapassa o aspecto funcional da arquitetura e da decoração, oferecendo parâmetros para uma vivência mais equilibrada e consciente do ambiente.
A origem do Feng Shui
Desenvolvido há mais de três milênios na China, o Feng Shui surgiu como um sistema de análise geográfica com foco em encontrar lugares estratégicos para habitação e colheitas. A observação da natureza e a percepção dos fluxos de vento e água deram origem ao nome da prática, cujo significado literal é “vento” (feng) e “água” (shui). Esses dois elementos, considerados essenciais para a manutenção da vida, tornaram-se símbolos de técnicas utilizadas para trazer leveza e harmonia ao cotidiano.
Com o tempo, a prática foi internalizada para os ambientes construídos, passando a orientar a disposição de construções, objetos de decoração e mobiliários. O objetivo passou a ser a criação de ambientes capazes de transmitir o bem-estar por meio da fluidez, da ordem e da harmonia entre elementos visuais e funcionais.


A recepção moderna do Feng Shui: entre tradição e a funcionalidade
Nos dias atuais, a técnica tem sido reinterpretada e aplicada em contextos onde predomina a valorização da clareza visual, do minimalismo e da funcionalidade, características compatíveis com os princípios do design leve e da organização consciente.
O interesse por esse tipo de organização tem sido intensificado nas últimas décadas por fatores como a urbanização, a redução de espaço e a busca por ambientes mais leves em contraponto à vida hiperconectada. Com isso, o Feng Shui passou a ser reconhecido também como instrumento técnico para a composição de ambientes, especialmente para arquitetos, designers e marcas comprometidas com o refinamento estético e a racionalidade funcional.
Organização como expressão de equilíbrio
O Feng Shui valoriza ambientes onde tudo se encontra em equilíbrio. Isso inclui a disposição dos móveis, a circulação livre , a ausência de excessos e a presença de elementos naturais. O desvio desses pontos pode gerar um espaço percebido como desconfortável ou desorganizado.
Ambientes onde há acúmulo de objetos, desordem ou excesso de informações tendem a provocar uma sensação de saturação visual. Já aqueles em que predomina a organização, a escolha minuciosa dos elementos decorativos e o uso equilibrado das cores favorecem a concentração e o descanso.


Com base na lógica do Feng Shui, podem ser aplicadas algumas técnicas com base na organização, funcionalidade e estética.
1. Valorização de espaços livres
A presença de itens em excesso compromete tanto a organização quanto a percepção de amplitude do ambiente. Segundo o Feng Shui, o espaço vazio também é parte da composição, pois permite que os elementos existentes tenham seu devido destaque na decoração. Em ambientes minimalistas, a presença de objetos selecionados com cuidado valorizam a forma, o material e o espaço ao redor.
2. Clareza funcional
A definição clara de áreas funcionais dentro de um mesmo cômodo, como um canto de leitura em uma sala de estar ou um home office integrado a um dormitório contribui para a organização mental e para a fluidez da rotina. Utilizar elementos que deixem a função do espaço visualmente clara contribui para isso.
3. Circulação livre e fluidez do espaço
Os ambientes devem possibilitar a movimentação contínua, sem interrupções causadas por móveis ou objetos mal posicionados. A fluidez do espaço contribui para a sensação de organização. Peças com proporções adequadas ao ambiente, como bancos, aparadores ou mesas de centro e lateriais com estrutura leve colaboram para manter os percursos desobstruídos.
4. Cores, materiais e texturas
As escolhas de cores e materiais devem considerar não apenas o visual, mas também a harmonia que exercem sobre o ambiente. No Feng Shui, tons naturais, neutros e terrosos são frequentemente recomendados por sua associação à estabilidade e serenidade. A combinação entre cerâmica, madeira clara e tecidos naturais — como linho ou fibras naturais pode ser utilizada para criar um ambiente equilibrado, com ênfase na simplicidade estética.
5. Uso de elementos de destaque
Objetos simbólicos ou decorativos devem ser utilizados de maneira leve e minimalista, para que sua presença seja percebida e valorizada. Espelhos, plantas e esculturas devem ser inseridos preferencialmente de forma a se destacar e não se esconder em meio a muitos objetos.
A disposição de um único vaso grande, um espelho orgânico em ponto estratégico ou uma planta em um vaso ou cachepot permite compor uma decoração significativa sem excessos.


A incorporação do feng shui em decorações modernas e minimalistas tem foco na valorização e na história de cada ambiente, além de seguir a funcionalidade de cada elemento e como ele complementa o ambiente com harmonia.
Na MART, a leveza e a funcionalidade não são apenas um toque de estilo, mas a essência de um ambiente. Cada item é pensado para ocupar o espaço com equilíbrio entre matéria, forma e função, encontrando uma tradução contemporânea e elegante da técnica.